sábado, 28 de março de 2015

Uma experiência amiga



Às vezes parece que o momento que estou vivendo não existe. Estar em Faro é uma experiência fora de qualquer contexto que já vivi até então. Pra começar estou a morar sozinha; cozinho, lavo, arrumo (ou tento) a casa, o quarto, o banheiro, vou ao mercado e cuido de mim mesma com mais afeto e atenção do que nunca antes tinha prestado para comigo. 

Saí de um país tão grande que quase parece do tamanho do continente que estou a morar agora. Onde antes me deslumbrava em conhecer alguém de outro estado ou região, aqui meu sorriso se abre quando encontro alguém que veio da Polônia, Grécia, França e Itália, mamma mia!

Tudo parece impagável, até as partes ruins vêm sempre com algo bom no meio ou no entorno. Apesar de saber que essa percepção de vivência só se consegue mesmo com a troca de experiências, sejam elas boas ou más, percebi que só posso aproveitar o que vivo agora porque mudei meu ponto de vista. O faro está mais sensível para saber quem é quem e por onde andar, sem precisar pisar em ovos nem chutar o pau da barraca de vez.

A saudade aperta quando recebo um bom dia do meu pai e o boa noite da minha mãe, quando meus amigos mandam mensagens engraçadas ou reclamam que já deu de Faro, “volta pra gente”. Mas aprendo a lidar com isso todos os dias, pois para viver tudo que pretendo são necessárias algumas distâncias, que não necessariamente significam que sejam ausências. Vivo o hoje por saber que amanhã lembrarei com carinho de cada coração amigo. 

segunda-feira, 23 de março de 2015

Solo uno



Como pensar que o mundo se separa em diferentes nações quando tudo que podemos ver é um mundão de gente com as mesmas formas de relacionamentos interpessoais, mãe, pai, tatuagens, danças, vestes, costumes, gostos, fé, fome, sede, vontades, sonhos e conquistas? A verdade que nos salta aos olhos quando queremos realmente ver e saber é que toda essa massa cosmopolita vem de dentro, do que somos e sentimos.

Entre todos, o som é em uníssono. Nas vitórias a celebração vem com emoção, com um copo de bebida na mão e na outra o chamado para um abraço. Nas perdas a tristeza aparece pedindo pelo consolo de um colo amigo, mas também traz consigo a companhia de sua solidão, que te ajuda a vencer seus próprios medos por si mesmo.

Entre todos, a visão é a mesma. Esta vem por detrás dos olhos das crianças, jovens, adultos e idosos que abraçam cada sentimento que traz a seguir do que enxergam. A compaixão aparece quando a empatia se torna omnipresente, a paixão vem para aqueles que abrem mais do que suas vidas para um novo visitante, o desapontamento ocorre quando aquilo que era impossível acontecer vem e atropela suas expectativas infantis e o medo aparece naqueles que se permitiram viver e viram que tudo na vida tem sua alegria e seu preço.

Entre todos, o tato é o que mais diz uns aos outros como somos, e como somos iguais. O carinho, o toque, o tapa, as cócegas, o soco, o empurrão, o acalento e o cafuné. Mais do que terminações nervosas, o ser humano é feito de receptividade quando é aberto ao contato com um outro semelhante, sendo nós, todos o mesmos. Sensações da pele pra mente, que faz o coração pulsar mais forte ou se acalmar em um instante, que traz desde o arrepio no pescoço, uma boca cheia d’água a até um comichão na sola do pé.

Aceito que tudo é relativo, mas em outro domingo quando entrei pela manhã em uma igreja que afirma ser a verdadeira e única de Jesus Cristo afirmar que existe a teoria do karma, budista, vejo mais do que uma verossimilhança, mas um acontecimento simples e concreto do que vivemos como um nesta Terra. O planeta água; elemento esse que nunca se separa, nem existe sem estar unido às suas partículas. Rios sempre desaguam no mar, seus afluentes ou lagos.  E, estes, dependendo da direção que forem seguir, podem trazer tanto a destruição quanto a vida. 

terça-feira, 10 de março de 2015

Luana, 24 anos, estudante da vida, uma mente divagando


Emocionante é ver um sonho realizado. Aquele cujo não almejei, apenas imaginei uma vez e então tive a certeza que um dia iria se concretizar. O fato de eu ter essa noção de empatia com a ação do tempo na vida das pessoas ajuda na calma da alma. O mundo é das pessoas que sonham e vivem por essa energia que flui e manda no que virá.

Larguei quem sou por um momento para tentar evoluir, mudar e transformar essas formas de pensamentos e conceitos que giram em torno de mim. O dia passa e as pessoas ao redor não entendem umas as outras, em vez de qualificar elas quantificam. Muito mais vale o quanto você traz do que quanto você é.

Me abraça, me beija e me dê um sorriso. Deixa eu ouvir sua voz, sua música e ver seu samba no pé. Traz o teu tempero e seu tempo inteiro. Se joga na corda bamba e de uma vez por todas esquece que existe o 8-80, nós somos inúmeros e esses conceito de números limitam os mais de mil beijos que podem rolar, então deixa rolar...

Acredito que a necessidade de amar e receber amor é e sempre foi grande dentro de cada ser humano e que mesmo assim as pessoas ainda não sabem o praticar. Às vezes se bloqueiam e por medo não fazem da maneira “certa”. Apesar disso, penso que as pessoas não precisam aprender a amar, como manda o gabarito. Todos temos luz e trevas dentro de nós, há inúmeras maneiras de o fazer e não existe uma cartilha para contornar os pontinhos da forma de amor certa pra você.

Quanto ao sonho inesperado, encontrei uma nova versão de mim mesma. Amo agora cada pedaço do presente para quando for mudar (e que mude) levar o que puder sem pesar na bagagem da vida.