terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Reportagem -

Brasileiros confiam em projeto de solidariedade feito pelas redes sociais

Relatório da União Européia mostra como medidas relativas à educação para a cidadania vem evoluindo na Europa

                                          Renata Quintella
"O que eu posso fazer por você agora?" Diariamente, mais de 36 mil pessoas são assim questionadas pelo projeto desenvolvido por Renata Quintella em uma página do Facebook, a Jornada. Contrariando os dados da empresa de estudos alemã GFK, a iniciativa está incluída entre os somente 30% de brasileiros que fariam caridade.

                                        Denise Dias
Apesar do projeto dar um bom retorno, países da Europa chegam a ter 38% como média de pessoas que fazem doações. Denise Dias, Psicóloga e Psicanalista, explica que isso acontece porque a Europa conhece a guerra e suas consequências de um modo que nós não conhecemos e esse é um fato que nos diferencia em valores socioculturais. “A guerra castra o narcisismo de um povo e talvez por essa necessidade estejamos empreendendo uma guerra interna: população x estado.”

Em maio de 2012, a Agência de Execução relativa à Educação e Cultura, Eurydice, publicou um relatório que descreve uma evolução da cidadania na Europa nos últimos anos. A estratégia da UE é que as escolas tenham como disciplina obrigatória o trabalho voluntário. Se as mesmas medidas fossem aplicadas no Brasil, Denise acredita que o principal benefício seria a reflexão interna sobre os comportamentos das pessoas, tais como o do consumismo exarcebado. “Isso demonstra uma fraqueza de valores e uma ênfase exagerada nas aparências, no ter em detrenimento do ser. Um privilégio de poucos é a capacidade de ir além do próprio umbigo.”
                                          Renata em entrevista
Quintella diz que o que motiva as pessoas a fazerem uma boa ação é o fato de sempre ter alguém, em algum lugar, esperando para dar aquilo que você precisa. São essas conexões e a ideia de poder ajudar que incentivam as pessoas a estarem engajadas em projetos como o dela. “Você não vai salvar a vida daquela pessoa, não vai resolver todos os seus problemas, mas vai mandar uma lata de leite que ela está precisando ou uma caixa de fraldas”. No caso dos brasileiros, a maioria das doações são para instituições que ajudam crianças, como descreve o estudo da GFK.