Às vezes parece que o momento que estou vivendo não existe.
Estar em Faro é uma experiência fora de qualquer contexto que já vivi até então. Pra começar estou a morar sozinha; cozinho, lavo, arrumo (ou tento)
a casa, o quarto, o banheiro, vou ao mercado e cuido de mim mesma com mais
afeto e atenção do que nunca antes tinha prestado para comigo.
Saí de um país tão grande que quase parece do tamanho do
continente que estou a morar agora. Onde antes me deslumbrava em conhecer
alguém de outro estado ou região, aqui meu sorriso se abre quando encontro
alguém que veio da Polônia, Grécia, França e Itália, mamma mia!
Tudo parece impagável, até as partes ruins vêm sempre com
algo bom no meio ou no entorno. Apesar de saber que essa percepção de vivência
só se consegue mesmo com a troca de experiências, sejam elas boas ou más,
percebi que só posso aproveitar o que vivo agora porque mudei meu ponto de
vista. O faro está mais sensível para saber quem é quem e por onde andar, sem
precisar pisar em ovos nem chutar o pau da barraca de vez.
A saudade aperta quando recebo um bom dia do meu pai e o boa
noite da minha mãe, quando meus amigos mandam mensagens engraçadas ou reclamam
que já deu de Faro, “volta pra gente”. Mas aprendo a lidar com isso todos os
dias, pois para viver tudo que pretendo são necessárias algumas distâncias, que
não necessariamente significam que sejam ausências. Vivo o hoje por saber que
amanhã lembrarei com carinho de cada coração amigo.
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