sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Vivendo de passado e futuro

Estou vivendo um momento cinza da minha vida. Em que nada parece ser animador. O mundo lá fora, dentro de casa, no trabalho, na escola, dentro da minha cabeça, tá tudo muito cinza. Tento, inclusive, parar de usar roupas cinzas pra ver um pouco de cor no meu dia a dia. Mas mesmo assim sinto desânimo. Quero ter a minha vida, pois parece que tudo o que estou vivendo agora é passageiro. Este não é um dos momentos mais justos que alguém possa viver. Falta algo. Uma chama de calor talvez que me faça sentir bem com o que eu tenho e com quem eu sou. Eu amo, amo sim. Cada parte de mim e cada pessoa ao meu redor. Mas amor nunca me pareceu ser suficiente pra fazer algo durar. Eu já amei e mesmo assim as pessoas se afastaram. O sentimento? Modificado. Talvez o amor se renove e se torne mais forte, talvez ele não se modifique quando for verdadeiro. Mas não me pareceu mentira o que vivi. Mas talvez eu tenha alimentado uma posse, uma fantasia, um ego e não um amor. O amor que eu sinto hoje é singelo, não simples, mas fácil. Eu amo fácil. Me amo mais fácil. Mas sinto mais devagar do que da primeira vez que amei. Isso é bom e estranho, não diria ruim. Bom porque me protejo melhor, mesmo achando que vou me machucar não importa quão calejada esteja. E estranho porque antes todo e qualquer sentimento vinha em um ímpeto que me envolvia e supria de imediato. Hoje estou em marcha lenta. À procura de algo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Ser menina


de vestido.
Qual o juízo de valor da frase “Nossa, você joga que nem um homem.”?

Desde pequena, inconscientemente, eu tento me equiparar aos homens, porque, vamos lá, ser homem é muito mais legal. Quando eu era criança eu tentava copiar meu pai em quase tudo.O jeito que ele sentava, me interessava pelos filmes que ele gostava, tentava comer de todas as variedades de comida que ele comia e queria tirar a camisa quando fazia calor. Sim, eu via meu pai ficar sem camisa, meu avô, meu irmão, porque não eu? Depois que tentei fazer isso só faltaram me bater, “Não filha, menina não pode ficar sem camisa.”. Na minha cabeça eu só pensava, “mas eu sou igual a um menino.” Sempre que eu ia na casa do meu priminho eu me jogava nos brinquedos dele que tinham atitude, pois era muito mais aceitável um menino, durante a sua infância, ter bicicleta, carrinho de rolimã, skate, escorregador e balanço do que uma menina. Menina tem cozinha pra brincar de casinha. Quando eu queria sair pra brincar na rua com o meu irmão mais velho, eu, minha irmã e minhas primas não podíamos porque meu avô dizia “Menina não brinca na rua, brinca dentro de casa.”

O que passou se foi, mas aquelas ordens e dizeres começaram a construir conceitos dentro da minha cabeça do quão chato ser menina poderia ser. Desde então tudo o que era relacionado com ser feminina me irritava ou às vezes eu até gostava, mas tinha vergonha de passar batom, de pentear o cabelo, de usar vestido e de ser carinhosa. E então, na minha adolescência eu não me encaixava nas doces meninas da minha sala, mas me enturmei muito fácil com as que gostavam de esportes e que falavam de besteira, não da Britney Spears. Mas isso acontecia, exceto pela parte que eu gostava daquilo, mais porque eu não queria mostrar meu lado fraco, meu lado feminino.

Outro dia meu namorado disse que eu bebia igual a um homem e eu me enchi de orgulho, mas por quê? E por que quando ele disse que as mulheres na Polônia misturavam suas bebidas com suco pra tirar o “gosto ruim” e eu achei isso tão estranho? Eu me diferenciei das mulheres. Eu disse a mim mesma “eu sou diferente e me comporto diferente.” Às vezes na minha cabeça eu vejo dois mundos, um com “eles”, que seria a maioria do comportamento masculino e o “elas”, a maioria do comportamento feminino e o outro mundo com o resto dos homens e das mulheres com quem eu me identifico. Por exemplo, homens e mulheres com comportamentos fora do que é o padrão, com uma frase diferente ou um ponto de vista que saiu do (useless word) “normal”.

O problema da maioria das pessoas, não são elas próprias, mas sim a passividade argumentativa e a falta de sede de conhecimento. Sendo assim, elas se tornam ignorantes do que acontece com as pessoas mundo afora, como conceitos que há anos têm feito mal às pessoas, mas que agora são utilizados com outro tipo de abordagem. Como por exemplo, “nossa, você joga como uma mulher.”. Hoje, 2016, depois de ver mulheres arrasando nos jogos olímpicos, sendo bem sucedidas em suas carreiras, ouvindo-as em vídeos na internet falando sobre assuntos conceituais, importantes para qualquer pessoa. Hoje, eu me orgulho de ouvir essa frase. De sentir essa representatividade e eu espero que todos tenham um dia esse tipo de autoanálise para com as caraminholas que passam na nossa cabeça. Centenas de pensamentos inúteis misturados com os úteis que podem fazer você mudar completamente uma visão de mundo. Pois, eu sei sobre o empoderamento feminino, o movimento feminista, mas, ainda assim, eu luto internamente com hábitos de pensamento e comportamento que já estão profundos na minha jovem mente de 21 anos.  

Recentemente eu li o livro Salomé que fala sobre como as mulheres perderem, eu diria, sua posição no mundo. Querendo ser, parafraseando o livro, homens de saia. E então, ao longo da história, as mulheres e o mundo começaram a se afastar da feminilidade. Por que ser sensível se quem chora é fraco? O que vale é o racional, o masculino. O mundo todo saiu perdendo muito nessa dominância de pensamento patriarcal. O livro aborda como essa falta do feminino faz falta inclusive para as próprias mulheres que negam serem o que é por não serem valorizadas por isso. 

Muito está sendo mudado e desconstruído, e para o melhor eu espero que o mundo caminhe. Pois apenas juntos, como iguais as pessoas alcançarão um mundo mais justo e menos desequilibrado.


Vigiai.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Pequeno momento

Eu tenho que aprender a me amar
Enquanto eu ainda sou jovem,
enquanto eu ainda sou serena.
Pequena;
criança passeia amiga pelo bosque
Acompanhada da vida, de mãos dadas com a natureza.
Eu preciso aprender a ter mais fé
No que há por vir
No que há aqui, no que vive em mim
Eu preciso entender que cada coisa tem seu tempo
Da flor que brota e bela se mostra
À folha que cai e dela a vida continua num ciclo.
Me acompanha nessa volta pelo mundo,
que tanto vale à pena conhecer
E me tira de perto desse distúrbio que mais do que meros conhecidos já viramos.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Ele basta



O amor é uma conquista que nos remete ao sucesso e à felicidade. O amor é pleno e tem uma força que pulsa de dentro pra fora e de fora pra dentro. Ele traz coragem pra continuar e destreza para vencer. Ele pulsa, rasga, namora e é oportuno. Não o perca, abrace-o, ame-o. Vença suas diferenças e traga para si todo o amor que houver nessa vida. Beije, abrace, bata, batalhe, mas tenha-o. Pois esta é a única forma de vencer o jogo que a vida propõe. O amor é uma troca, é um estandarte, um peso sem medida, um avanço na humanidade. Ele vence sem ter que existir uma luta. Ele ama e, assim, ele basta. Seja amor, ame-se, ame o próximo, ame suas diferenças, suas e daquele que alimenta aquilo que arde dentro de você. E quando as lágrimas vierem aos olhos, continue amando, perdoando, aceitando e incentivando toda forma de coragem que supere essa mediocridade avassaladora. Tenha fé, compaixão e paciência. Toda a mudança que for necessária, acontecerá. O amor é força. Traga sua luz interior para fora, alimente as pessoas com amor e, assim, todo aquele que estiver fora da luz, verá que ainda existe esperança.

domingo, 24 de abril de 2016

Encoraje-te


Você aprende a voar contra o vento que te desencoraja, nadar contra a corrente que te julga e subir a ingrime colina de inseguranças. E assim você se fortalece. Você cria disposição e gana depois do suor que escorreu e dos músculos, que apesar de abatidos pelo cansaço, estão fortalecidos.
Fortalecer. Sinônimo de viver, respirar, refletir, amar.
Um brinde aquele pequeno grande segundo que fez você ficar sem fôlego e querer desistir de tudo o que é difícil o bastante de se conseguir.
Um brinde às dúvidas que tanto fazem a sua cabeça latejar e um vinco se formar entre as suas sombrancelhas.
Um brinde ao incerto que te faz flutuar em um maior espaço cheio de nada.
Um brinde a tudo que vale a pena. Um brinde a você, às suas noites mal dormidas, aquele grito enfurecido que soltou a quem é mais presente do que ausente, àquelas limpezas à força que a vida prega e à energia que a noite traz, no momento certo antes de partir para sonhar.
Um brinde à nossa coragem de cada dia e ao beijo de boa noite. À paz sentida e a resiliência acomedita. 

domingo, 31 de janeiro de 2016

Quinze minutos para as sete

Passei pela porta principal, tirei os sapatos e me senti abraçada por um aconchego impecável. As cores quentes na parede lembravam-me o quanto eu gostava de estar em casa. Cansada demais das cobranças da minha mais nova companhia de ano novo: uma imaginação fértil para pensar em como renovar a minha carreira para um nível de menos cobranças. O sentido? Pretendo achar quando chegar no meu objetivo.

O sofá marrom clarinho perto da minha cama de casal com um cobertor branco em detalhes de amarelo e azul estendido sobre ela faziam com que o dia ficasse mais leve, apesar da dor nos ombros e os olhos pesados. Sento-me de pernas para o ar e leio as notícias do dia, porém vejo mais uma vez nada além da velha papagaiada de sempre; a corrupção da empresa de fulano, as guerras na Europa, a tempestade de neve ataca novamente em Nova York... Esperava que o Jornalismo fizesse mais que repetir o que todos os outros dizem ou fingir que entende de assuntos importantes quando entrei na faculdade.

Deixei o computador de lado e fui para a estante de livros para ter aqueles momentos que eu deixo como momentâneos, mas deliciosos, na minha vida. Abri um livro de poesia e do lado da real poesia do real autor escrevi a minha:

Tome um café comigo, deixe a casa vermelha te abraçar

Tome um café, ouça o silêncio bater à janela e veja o que a escuridão tem a te mostrar.

Tome um café amigo, comigo e venha ser meu abrigo...

Próxima página e a mesma coisa:

Alegre seus olhos menina,
mesmo quando o mar é agitado e seu olhar é revoltado.

Alegre seus olhos menina,
o mundo está a sua frente no aguardo da sua decisão, tenente.

Alegre seus olhos menina,
as pessoas têm muito que aprender, a se permitirem ascender-se.

Alegre seus olhos menina,
e deixe-se sentir-se menina, mesmo quando os homens te gritam, Carolina.

Gosto quando me transformo autora de meus livros favoritos. Quando as rimas me fazem sorrir, nesses momentos em que eu sou só minha e de mais ninguém. E então, boto o livro em qualquer lugar, tiro a roupa e me jogo no sofá a cantar com o rádio ligado na Nova Brasil FM.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Poeta em transformação

Me leva, poesia, me leva.
Me faz ser mais sentimento, me faz ser mais vida que sofrimento.
Me faz enxergar que o trabalho que gratifica também é o que descomplica.
Me lembra que passear também agrada e que abraçar me faz ser amada.
Me deixe amar dos pés à cabeça, me faça entender que a vida vai muito além do que se pensa.
Me leva e me faz ser mulher, me recita sendo o ser que é e que já pode escolher.
Me tira tudo que me destrói, mas deixe pesar o que faz de mim ser um herói.
Me leva, poesia, me leva;
Mas deixe estar em paz, quando esta é tudo que me satisfaz.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Apesar da crise,


Apesar da crise, há pessoas felizes vivendo seu dia a dia. Apesar da crise, há bebês nascendo, chorando, mamando, cagando e dormindo. Apesar da crise, há quem está na fila de um hospital há meses ou anos esperando atendimento que não se sabe se um dia o terá. Apesar da crise, há quem esteja com a tal depressão pós intercâmbio na Europa. Apesar da crise, as universidades continuam a ganhar dinheiro e reclamar que não possuem fundo para investimentos internos. Apesar da crise, os estudantes ainda precisam terminar seus TCCs e se formar naquilo que talvez gostem e que talvez dê a eles a esperada carreira feliz do futuro. Apesar da crise, há ainda muita gente que reclama, apesar de tudo estar tranquilo em suas vidas. Apesar da crise, há ainda muitas pessoas que acham que existe crise em tudo, menos nas cabeças vazias delas. Apesar da crise, os jornais continuam falando da tal da crise, a população continua sem dinheiro para consumir e os vendedores continuam a falar que o movimento está péssimo. Apesar da crise, as pessoas continuam consumindo. Apesar da crise, ainda existem muitas crises dentro e fora da caixinha. Apesar da crise, há pessoas infelizes vivendo seu dia a dia. Apesar da crise, todo dia alguma pessoa tem o melhor dia da sua vida. Apesar da crise, todo dia alguém comete suicídio. Apesar da crise, há quem tenha grandes expectativas futuras. Apesar da crise, eu escrevi esse texto. Apesar da crise, milhões de pessoas tem a chave para mudar de vida. Apesar da crise, todo dia alguém falha em alcançar um sonho. Apesar de tantas crises... ainda não sabemos lidar com elas.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Teu eu

“(...)Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,(...)”
Tabacaria, Fernando Pessoa

Há quantos 'eus' no mundo esperando; nada acontece aos que esperam e não pensam no que realmente querem. Mas será que a espera ou a ação que muda é garantida de mudança?

Há quantas pessoas em uma pessoas só? Quantos gênios imersos, como diz Fernando Pessoa, que existem ou não nesse tempo todo que existimos desde o momento que nascemos?

Há tantas possibilidades de seres, destes que existem e de que podem ser. O que você é e o que será a partir disso.

Há quantos momentos que deixamos passar sem abraçar? 

Há tantas vontades que deixamos de matar e, assim, matamos uma parte que nos mata. 

Há tantas verdades, tantas vantagens, tantas virtudes, tantas vertigens! 

Há quanto tempo esperamos que algo de deslumbrante aconteça nas nossas vidas, que nos faça parar e pensar: era isso que eu estava querendo.? O momento chegou, 
se permita deliciar.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Simple as you can see



What a meeting with somebody that was born in such a different way of mine could bring to me and to the world? I think every moment we live worth for some kind of energy that bring us a feeling of union and respect for the others.

I met a man from Syria two weeks ago. He was my blablacar, it’s a lift that you take to save some money, and, at first, my only thought was that I could never know how was his childhood, his friends or even his own house. But in the moment that I met him, I knew he was a good person and that was what matters.

My ideas about who are those people that live far away from me and what they could do for the world if they had this chance are the same to the folks that live near me in Brasil. The point is: if I don’t even know who is my neighbor, how can I know who was Kamel, my blablacar?

I know the feelings that each human has in their hearts are the same; we all love, hate, fall for, are lazy on Sundays and enjoy the simple things in life. So, why is so complicated to some people to see the empathy that different, but equal, people have in their eyes?

Maybe if we all, adults independents, come back for a instant to our 6 years old and remember that everybody in the playground were our friends, even the boy who ate sand or the girl with weird hair, maybe these universal lens hovering in our eyes fell and we could see clearly the real world that we live in.